sábado, 12 de outubro de 2013

SÁBADO DAS CRIANÇAS


Ativas e inquietas, as crianças demandam muita energia em seu cuidado por elas. Cheias de vitalidade e uma percepção única do mundo ao seu redor, não há quem não se encante com sua lógica simples, sorriso fácil e perguntas diretas – por vezes constrangedoras! Se setembro traz consigo a beleza das flores, outubro nos relembra a melhor fase da vida de uma pessoa: a infância.


Esse ano o dia das crianças está sendo celebrado no sábado, um dia muito apropriado  pois nos lembra Daquele que apreciava a companhia desses pequenos: “Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus”. Mt 19:14.  A Igreja Adventista do Sétimo Dia  preocupa-se muito com a formação mental e espiritual dos seus infanto-juvenis, tanto que desenvolve ações para acompanhar de perto o seu crescimento. Uma dessas ações foi a criação do clube de aventureiros, exclusivo para crianças de seis a nove anos em que a igreja, o lar e a escola se unem para ajudar as crianças a crescerem alegremente em sabedoria, estatura e graça para com Deus e os homens. E o clube de desbravadores, que cuida do desenvolvimento físico, mental e espiritual de juvenis de 10 a 15 anos.


O estatuto da criança e do adolescente – ECA, estabelece que todas as crianças tem direito ao convívio em família, à educação, saúde, lazer e segurança. Para proteger suas crianças, a IASD promove campanhas como o Quebrando o Silêncio, desenvolvido em oitos países da América latina desde 2002, o projeto possui um viés educativo e de prevenção contra o abuso e a violência doméstica. Um de seus objetivo é “prevenir e combater a violência contra crianças, mulheres e idosos, além de orientar as vítimas na busca de ajuda dos órgão competentes” (Portal do Quebrando o Silêncio).


A igreja central de Juazeiro possui cerca de 50 pequeninos de 0 a 12 anos divididos em classes bíblicas adaptadas à sua mente em formação. Professora do Ministério Infantil há 33 anos, Lia Costa, enfatiza que as crianças entendem tudo que lhes é passado: “Através de histórias, músicas e brincadeiras as histórias da Bíblia ficam marcadas na mente delas e, no futuro, a gente vai ver o quanto valeu a pena”, revela. Muitos dos jovens universitários da igreja já passaram pela classe de Lia, o que lhe oferece uma motivação a mais para trabalhar com esse público. Entretanto, nem tudo são flores nesse trabalho com as crianças. Outra veterana desse Ministério, Joyce ferreira, professora há mais de 20 anos das crianças de seis a oito anos, lista a dificuldade de seu cargo: “Trabalhar com eles é muito bom, mas falta o apoio dos pais, o interesse em comprar a lição deles. Outro problema é a falta de recurso humano... eu estou há tanto tempo por aqui por que não tem quem fique no meu lugar, as pessoas não querem responsabilidade e deixar os meninos sem as atividades da classe não é uma opção para mim” declara Joyce.


Nesse ano a diretora do Ministério Infantil, Juciene Santos Sousa, lançou o projeto Criança não é Futuro é Presente. “criança não é futuro, por que no futuro ela não é mais criança. Temos que fazer algo por elas hoje”, afirma Juciene. O objetivo desse projeto é envolver a criança na programação da igreja, fazê-la sentir-se participante e importante no meio da congregação, criando assim uma sensação de pertencimento a esse local. Pedagoga por formação, Juciene ressalta a importância dos projetos voltados a esse público: “Se a gente educa hoje a criança, amanhã não vai precisar repreender o adulto. Temos que valorizar a criança enquanto criança e enfatizar o potencial que ela tem pra Jesus”.  

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

UM BREVE ENSAIO SOBRE MÍDIA E CULTURA



APRESENTAÇÃO


O sistema midiático pode ser definido como o aparato ideológico global.  Em certa medida esse sistema nos induz a aceitar essa globalização e insere, no disco rígido do nosso cérebro, o aparato midiático em todo seu conjunto, “quer dizer, o que a imprensa diz a televisão repete, a rádio repete, e não apenas nos noticiários, ma também nas ficções, na representação e um tipo de modelo de vida que se quer apresentar (RAMONET, 2003, p. 243).
Até que ponto nos envolvemos com essa representação e se ela é benéfica,veremos nesse trabalho.


MÍDIA E FICCÇÃO – ATÉ ONDE IREMOS?

            Pode-se pensar que a sociedade em que vivemos hoje é algo atual e sem precedentes. Mas quase tão antiga quanto a própria história é a necessidade do homem de comunicar-se desenvolver essa sua habilidade. “A sociedade contemporânea sempre esteve apoiada em redes de comunicação para intercâmbio de pessoas, bens, capitais, informações e ideias” (COSTA, 2002, p.53)
           
            A vertiginosa invenção e o rápido desenvolvimento das tecnologias comunicacionais como o rádio, o cinema e a televisão vão, aos poucos, transformando o mundo e a maneira que nele se vive, as pessoas e o modo de viver sua cultura, acompanhando sempre o contexto histórico-cultural em vigência. A migração de populações por todo o globo, a indústria cultural mundializada e a emergência de uma sociedade baseada, principalmente, na imagem são bons exemplos da súbita ruptura nos limites da cultura. O contato direto com pessoas de culturas de outros lugares do mundo e a presença cada vez mais forte no cotidiano das pessoas resulta no processo de transculturação, “uma forma imprecisa e indecisa, evidente e presente, na qual se expressam instituições e ideias, modos de ser, agir e sentir, pensar e imaginar próprios de um horizonte mundial.” (IANNI apud COSTA, 2002, p.58).


            No interior desse processo, a narrativa ficcional vai atuar de forma decisiva permitindo ao homem elaborar identidades e alteridades, diversidades e desigualdades. Processo esse que o envolverá cada vez mais com o poder das ficções produzidas pelas mídias, sendo seus pioneiros os folhetins. Os folhetins se pautavam em narrativas populares e eram adaptadas aos veículos de comunicação de massa, passando assim a ditar modas de comportamento. Tão grande era o envolvimento do público com a ficção que este se inseria no cotidiano daquele, ultrapassando os limites do texto e despertando seu lado voyerista através de cenas descritivas e elementos tirados da vida real. O furor dos folhetins alcançou altas proporções com a invenção da fotografia. Seu sucesso estava na semelhança com pessoas e lugares reais, transportando o público para aquela dimensão ficcional, onde a vida dos personagens retratados é mais comovente e empolgante. O êxtase dessa relação explode em um turbilhão de sentimentos com a criação de uma “máquina” de produzir sonhos e gerar mitos e paixões: o cinema, que revoluciona e estreita ainda mais a relação homem-ficção. Em um país de maioria analfabeta, como o Brasil, esse êxtase é compreensível, visto que a imagem associada ao áudio atinge mais espectadores.


            À eterna pergunta: a vida imita a arte? Apropria base do cinema vai responder. Em seu início, o cinema busca nos espetáculos populares a sua inspiração. Temos, portanto, a arte imitando a vida e o cinema exercendo um forte poder de persuasão no imaginário das pessoas, sendo um refúgio de seus problemas e frustrações. Poder esse que não era exclusivamente seu. O rádio também já estava incluso nesse contexto. Invadindo lares – mesmo com permissão – criando uma relação diária com o ouvinte, estabelecendo uma grade horária e trabalhando os sentidos. O rádio foi e é uma das mídias mais próximas e utilizadas pela massa, por que atingia alfabetizados e analfabetos – o que era impossível com os folhetins.


            A invenção da TV se torna o marco da comunicação de massa. Criando novas formas de interação capaz de diminuir as distâncias ente idiomas e classes sociais e mudando a forma de relacionamentos entre as pessoas que se envolvem emocionalmente com as telenovelas e perdem o contato uma com as outras, valorizando o sentir analógico – os lugares, os hábitos, as alegrias e tristezas – em detrimento do sentir emocional – convívio, conversas, abraços – aproximando pessoas de todo o mundo e separando amigos e vizinhos. “Até mesmo nos espaços de maior familiaridade, a afetividade e as relações humanas recaem no esquecimento”. (GUIMARÃES, 2002, p. 125). As pessoas não vão mais à praça ou às janelas para conversarem, a vida do vizinho já não importa tanto e a sua própria vida envolve-se no enredo apresentado pelas mídias analógicas sendo também, sutilmente, influenciadas por elas.


Em entrevista concedida à Revista Época, do mês de fevereiro de 2009, o economista peruano do Banco Interamericano de desenvolvimento (BID), Alberto Chong, discorre sobre estudos recentes do BID acerca de como as telenovelas moldaram o Brasil, ajudando o país a criar famílias menores e aceitar o divórcio.

As pesquisas coordenadas pelo economista analisaram o conteúdo de 115 novelas, principalmente, da TV Globo, entre 1965 e 1999, nos horários de 19 e 20 horas. Nessa amostragem, 62% das personagens femininas não tinham filhos e 26% delas eram infiéis aos seus parceiros – o que suavizou o tabu do adultério. (REVISTA ÉPOCA, 2009, p. 98)


Segundo dados do IBGE, casos de divórcio aumentaram drasticamente nos últimos trinta anos (ÉPOCA, 2009). Em suas pesquisas, Chong notou que, durante esse período, por ser a novela uma das maiores atrações da TV brasileira “quando sua protagonista era divorciada ou não-casada, a taxa de divórcio aumentava 0,1 percentual.” Esse é um bom exemplo do quanto a sociedade e suscetível à mídia e envolvida por ela.


 Diante desse cenário, as instituições religiosas começaram a valer-se da mídia ao seu favor para que a religião não morresse à margem da globalização. Seguindo a tipologia de organização de Katz e Kahn (1978 apud Kunsch, 2003) A igreja é uma organização religiosa de manutenção da sociedade. E como ela desenvolve essa manutenção? Cultivando valores que são, a todo instante, bombardeados pelos veículos comunicacionais. O pensamento moderno de Berhan Marshall (1986, p.109) de “tudo que é sólido se desmancha no ar”, é sempre lançado na mídia, estabelecendo novas formas de comportamento humano e relacionamento conjugal:

Homens e mulheres modernos precisam aprender a aspirar à mudança: não apenas estar aptos a mudanças em sua vida pessoal e social, mas ir efetivamente em busca delas, procurá-las de maneira ativa, levando-as adiante. Precisam aprender a não lamentar com muita nostalgia as “relações fixas, imobilizadas” de um passado real ou de fantasia, mas se deliciar na mobilidade, a se empenhar na renovação, a olhar sempre na direção de futuros desenvolvimentos em suas condições de vida e em suas relações com outros seres humanos.


Essa linha de pensamento é amplamente difundida pelas mídias analógicas como a televisão – através das novelas – e patrocinada pelas mídias digitais – permitida pela inúmeras salas de bate-papo.


Em seu trabalho de manutenção a igreja Adventista utiliza de todos os meios de comunicação para a evangelização. Ela possui revistas impressas, concessão de canal de televisão e rádio, chamada rede Novo Tempo, páginas na internet como sites, twitter, facebook, blogs oficiais e canais no youtube. A Rede Novo Tempo de Comunicação, foi inaugurada em 1996, na cidade de Nova Friburgo, RJ. Formada pela TV, rádio, em português e espanhol, e os Ministérios de A Voz da profecia e Está Escrito. Ambos os ministérios são projetos de evangelização para o rádio no início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, na Califórnia. (www.novotempo.com).

Como vimos, não há um limite para o desenvolvimento das mídias e de suas ficções. Através de seus meios de comunicação, a igreja demonstra que não há mesmo um limite para o seu “Ide e Pregai”. Mt: 28.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


            Somos envolvidos a todo o momento pelo que a mídia impõe. Uns envolvem-se mais com suas representações outros menos, mas somos todos seduzidos por suas imagens, cenários e sentimentos e, muitas vezes, envolvemos a história de nossas vidas aos enredos que nos são apresentados. Esse trabalho se propôs analisar como o surgimento da mídia analógica mudou comportamentos e transformou relacionamentos e como a igreja, em contrapartida, aprendeu a usar esse mesmos recursos ao seu favor.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


A BÍBLIA SAGRADA. Traduzida em português por João ferreira de Almeida. Revista e atualizada no Brasil. 2 ed. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1988.
COSTA, Cristina. Ficção, Comunicação e Mídia. – São Paulo: Editora Senac, 2002.
GUIMARÃES, Belarmino César. Estética da violência: Jornalismo e produção de sentidos. – Campinas, SP: Editora Unimep, 2002.
MARSHALL, Berhan. Tudo que é sólido se desmancha no ar. A aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das \Letras, 1986.
RAMONET, Ignácio.  O poder midiático.  In: Moraes, Denis de. Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro. Record, 2003.
REVISTA ÉPOCA. Maconha: por que é preciso debater a legalização do uso de drogas. 561ª Ed. Editora Globo. Fevereiro, 2009.
KATZ, Daniel e KAHN, Robert L. Psicologia social das organizações. In: KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. – Ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Summus, 2003.
www.redenovoempo.com acessado em 15 de setembro de 2013.

sábado, 14 de setembro de 2013

ICN EM NOTÍCIAS

DIA DO JOVEM ADVENTISTA



O dia do jovem adventista foi comemorado hoje em Juazeiro. Algumas das 33 congregações foram fechadas e os membros de todas as idades foram convocados a ir para as ruas e mostrar a força de uma juventude que vai além da idade. Um grupo de cerca de 600 religiosos se reuniu na frente do Colégio Paulo VI e saiu em passeata pela cidade para tornar conhecidos os projetos da igreja e convidar a sociedade para participar.



A igreja nasceu em 1844 e foi formalmente instituída em 1863, em Battle Creek, Michigan. Porém antes disso, em 1852 foi impressa a primeira literatura para os jovens. O passar dos anos mostrou ser preciso a realização de programas voltados as necessidades da juventude. No ano de 1879, dois garotos americanos, Harry Fenner, 17 anos e Luther Warren de 14, começaram a organizar reuniões com o objetivo de promover o trabalho missionário. Hoje, mais de 160 anos depois, os jovens adventistas mostram que a iniciativa daqueles rapazes revelou-se muito eficaz.


Durante a passeata foram divulgados os projetos desenvolvidos pela igreja em toda América do Sul. O Projeto Vida por Vidas, começou em 2005 com o objetivo de contribuir com os hemocentros através do incentivo à doação de sangue e em 2006 foi premiado pela Organização Mundial da Saúde, OMS, como um dos maiores movimentos de captação de sangue do país.”  O Quebrando o Silêncio é um projeto educativo e de prevenção contra o abuso e a violência doméstica e tem a proposta de orientar  as vítimas na busca de ajuda dos órgãos competentes, quebrando assim o ciclo da violência e mobilizar autoridades, pais e filhos a fim de sensibilizá-los a cerca dessa  problemática. E o projeto social Mutirão de Natal, realizado todo final de ano arrecadando alimentos para fazer doações aos mais necessitados.


O pastor Leandro Lins líder dos jovens da Associação Bahia Central, ABaC, ressaltou a importância de um dia como esse: “Marcar na mente da juventude que você pode ser jovem, falar como jovem e se vestir como jovem, mas entendendo que possui um diferencial. Ele brinca, ele namora, ele se diverte, mas faz isso com valores cristãos. A proposta é que ele seja um jovem normal, entretanto tem a essência do Senhor”. Cleiton Mota, presidente da Missão Bahia Norte, MBN – novo campo adventista ao qual Juazeiro agora pertence – declara que a finalidade desse dia é “integrar os jovens e mostrar para eles que juntos nós servimos a um Deus que é poderoso. E deixar claro que nós queremos crescer junto com ele”.


O objetivo mundial dos jovens adventistas é “Salvar do pecado e guiar no serviço” e isso imprime na mente dos jovens a sua importância diante da sociedade. A decisão de sair das congregações para as ruas da cidade foi com a intenção de, através dos projetos sociais, demonstrar que “amamos a Deus e amamos o próximo”. Declara Mota.


Por Ana Paula Gomes

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

PERFIL – A AÇÃO DE DEUS SOBRE O HOMEM



Ele fala rápido, é um pouco agitado, e prega de um jeito ao qual não estamos acostumados. Alguns podem achar seu estilo um tanto quanto pentecostal, mas ele não acha ruim. “Eu não tenho vergonha de dar glórias a Deus. A gente grita no futebol, torce pelo time, quando devíamos torcer por Jesus”. Relata Reili dos Santos Nery. Aos 29 anos, Nery é um exímio estudante da bíblia e um forte militante na obra de Deus. De origem humilde, ele não esconde seu passado de roubo, drogas e tráfico: “Minha casa era uma boca de fumo, eu dormia com a droga debaixo do travesseiro e o .38 do lado”. 
 
 
O CHAMADO

O encontro com Jesus aconteceu no momento mais difícil de sua vida quando, dependente da maconha e cocaína, pensava que “não tinha mais jeito”. Segundo ele, foi aí que Jesus passou na sua rua, fez o convite que, sem demora, foi aceito. “Quando quer salvar alguém Ele envia um anjo na terra, pessoas movidas pelo poder do Espírito Santo” Afirma Nery. Fruto de um estupro, sua vida é um testemunho vivo do quanto Deus pode mudar o rumo da história de uma pessoa. Após o sexto estudo decidiu-se pelo batismo e, no mesmo instante, saiu a pregar Daquele que o transformou. A transformação imediata desagradou sua mãe, que chegou a chamá-lo de louco, e despertou dúvida e descrença nos membros da igreja que não acreditavam em sua conversão.


Quem ouve suas pregações logo percebe que a cada duas ou três frases há uma citação bíblica. E não são textos pequenos. Ele chegar a citar cinco, seis, sete grandes versículos e adequa-os à mensagem que quer transmitir. “Eu tinha dois meses de batizado e a igreja fez um concurso, quem recitasse todo o salmo 91 ganharia uma Bíblia. Passei a semana decorando e, quando chegou o sábado, eu ganhei a Bíblia. Os irmãos ficaram meio abismados, se perguntavam como alguém tão novo na fé e com a mente corroída pela droga já sabia os versos bíblicos.” Relembra Nery. “Deus me deu a capacidade de decorar texto na cabeça e armazenar no coração.” Completa.


A MISSSÃO

            Antes de a Associação Geral difundir o movimento de reavivamento e reforma, Nery já pregava sobre o assunto. Suas palavras, sempre verdadeiras, eram consideradas muito duras e, por isso, muitas portas lhe foram fechadas. A rejeição o deixou muito triste, mas não foi o suficiente para calar sua voz e assim passou a pregar nas praças. Tal qual Paulo que pregava para os gentios, sua mensagem voltou-se para prostitutas e viciados. Pessoas com quem, devido seu passado, muito se identifica.
 

            Profeticamente a igreja vive hoje no tempo da última igreja, a de Laodicéia. Mas, de acordo com Reili, isso não é motivo para o cristão habituar-se à mornidão. Ele acredita que essa profecia não se cumpre na vida de quem quer ir para céu. Um urgente e sincero reavivamento é necessário para que “Jesus volte ainda nessa geração”. Segundo o orador, se alguém quer ser reavivado tem que primeiro procurar uma reforma de vida. “cada um deve examinar a si mesmo e pedir sabedoria ao Espírito Santo para que lhe mostre onde tem errado”, afirma Nery. Com seu jeito simples de falar, exorta a igreja que desperte de seu sono para que o nome de Deus seja glorificado através do Seu povo porque “a igreja que hoje milita um dia vai triunfar e o mundo vai conhecer que essa é a igreja de Deus e o inferno não prevalecerá contra ela”, testifica.


O SONHO
 
 
Desde que se converteu, foi sempre muito apaixonado por Cristo e tudo que queria, e ainda quer, é pregar. Seu maior sonho é pregar o evangelho para o povo sofrido da África. Sonho que não acha impossível e, para reforçar sua fé, recita outro versículo: Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do seu coração.


 

Por Ana Paula Gomes

PERFIL - LEGADO DE FÉ


Sentindo-se mal e sem saber o porquê, a jovem Raimunda procura em todos os lugares - de centros espíritas a consultórios médicos - o motivo de seu mal estar. Descoberta sua tuberculose, o que mais a incomodava não era a doença, mas o fato de que, aos seis meses de gestação, seu bebê não dava sinais de vida. Até que numa quarta-feira à noite, como faz questão de frisar, atendeu ao chamado de um amigo e visitou uma Igreja Adventista do Sétimo Dia. Naquele dia, do ano de1969, ela fez um pedido a Deus: Se Ele a curasse ela se tornaria uma cristã.


 Na manhã seguinte, pela primeira vez sua barriga mexeu e não parou mais. “Antigamente, a gente não tinha relógio, mas o Curtume Campelo soava um apito exatamente às 11h30 indicando a hora do almoço para os funcionários. Naquela quinta-feira, quando o apito soou minha barriga se agitou tanto que eu pensei que era um menino. Eu nunca vou me esquecer”, relata olhando a foto da terceira filha Jucilene Gama, hoje com 40 anos.


Nascida e criada em Curaçá (BA), segunda de sete irmãos, Raimunda Nonato Gama dos Santos, de 62 anos, nunca estudou ou freqüentou a escola. Por ter sido muito pobre, ainda pequena teve que trabalhar para ajudar no sustento da família. O pouco que sabe da arte da leitura aprendeu ano mais tarde para conseguir ler a Bíblia sozinha. Seu limitado estudo, no entanto, não a impediu de entrar para a história de uma religião que se tornaria tão presente na cidade de Juazeiro.


Com 16 anos de idade, casou-se com o então pedreiro José dos Santos, nove anos mais velho. Santos amava tanto a esposa que não suportava dividi-la nem mesmo com os filhos que logo vieram, e isso se tornou o único motivo das discussões entre os dois. Ao saber da promessa que a mulher fizera na gravidez sem consultar sua opinião, ele não questionou nem hesitou. E tratou logo de cumprir o prometido, convertendo-se à fé adventista, religião que na época, não era bem vista na cidade.


Sua mãe, de quem herdou o nome, não aceitou sua decisão. Católica desde criança, embora não praticante o que menos queria em sua casa era uma evangélica, principalmente alguém que guardasse o sábado.  Entretanto, a resistência da mãe não abalou a convicção de Raimunda.


Decorridos seis anos de matrimônio e mãe de cinco crianças, Raimunda procurou emprego em São Paulo. O emprego, que já era difícil, tornou-se quase impossível para os guardadores do sétimo dia. “Quando Zé arranjava trabalho não revelava que era adventista. Ele trabalhava a semana toda e na sexta-feira dizia que não ia ao sábado e, então, era despedido”, conta Raimunda. Essa situação se repetiu por meses. Embora sem dinheiro e sem emprego sua crença em Deus continuava inabalável e seu único medo era que seu esposo fraquejasse e desistisse da guarda do sábado o que, para sua satisfação, nunca aconteceu.


Em uma época de grandes dificuldades financeiras, agravadas pela observância do sábado, surgiu a idéia de trabalharem por conta própria. Enquanto o marido foi ser empreiteiro de obras, Raimunda cuidava de uma banca de frutas na feira de São Paulo. Contudo não tiveram sucesso. “A casa sempre cheirava a podre, porque eu fechava a banca na sexta-feira levava as frutas para casa e só reabria de novo na segunda”, lembra.


De volta a Juazeiro depois de sete anos em São Paulo, Raimunda, sempre acompanhada da filha mais velha, Juscelita Gama, começou a vender confecções em Curaçá e nos projetos de Juazeiro e Petrolina. Com o sucesso das vendas, eles se tornaram pequenos comerciantes e abriram um mercadinho. Era o fim das dificuldades financeiras e o início de um período de paz espiritual, porque agora podiam guardar o sábado, como recomenda a religião.


Dedicada esposa e mãe, a crença em Deus não impediu que uma grande tristeza tomasse conta de sua alma: um câncer nos ossos tirou a vida de seu filho de 19 anos. A perda a abateu profundamente, mas não abalou sua fé. “No dia seguinte ao enterro, me arrumei e fui à Igreja, adorar o meu Deus”.


Em 1994, Raimunda teve problemas cardíacos. Seu coração começou a crescer trazendo uma série de complicações para ela. Depois de dois anos de tratamento, passou a lidar com algumas limitações, pois o médico a proibiu de fazer o que mais gostava: cantar e caminhar. Na época, foi difícil para ela por que percorria quilômetros a pé realizando estudos bíblicos. Teimosa e independente por natureza, não obedeceu às últimas restrições médicas e fez outra promessa: se Deus a curasse, enquanto vivesse pregaria o evangelho. Hoje, ela continua viva e firme no cumprimento das promessas que fez há 15 anos. Mas o destino ainda lhe reservava momentos difíceis.


Um acidente de ônibus deixou seu esposo, com quem foi casada por 41 anos, paralítico. Após sete anos, ele faleceu. A religião é algo que sempre norteou sua vida. Considerada uma pioneira, sua figura é de grande importância para a comunidade adventista em Juazeiro, uma vez que ajudou na propagação da religião na cidade. Dos 53 anos da igreja Adventista na região, Raimunda participou ativamente nos últimos 40, construindo igrejas na cidade de Curaçá, no bairro Argemiro e em muitos outros.


Viver sozinha nunca foi uma boa opção para Raimunda. Sentindo-se solitária, com todos os filhos casados e fora de casa, cinco anos depois de ficar viúva resolveu casar-se de novo. Tanto para resolver o problema da solidão quanto para ter um companheiro que a ajudasse a difundir ainda mais sua religião. Em 20 de agosto do ano de 2008, casou-se com Pedro Alves, de 78 anos, praticante da mesma fé. “Ele é do Salitre, mas lá não tem igreja Adventista. Eu sei que este casamento foi arranjado por Deus, para que eu construa uma igreja lá”, acredita Raimunda.


Atento, o segundo esposo está sempre por perto, ouvindo as perguntas e respondendo-as como se lhe fossem dirigidas. Ele também quer contar sua história, mas vai ficar para uma próxima vez. Raimunda teve sete filhos, quatro homens e três mulheres. Uma morreu recém-nascida. Mas a vida lhe deu outra filha adolescente e com dois filhos, que ela ama tanto quanto os seus outros 17 netos.


Atualmente, seu mais novo projeto é a construção de uma igreja no projeto Salitre. Ela não economiza esforços, tempo e dinheiro para alcançar seu objetivo. “Deus tem feito muita coisa por mim. Sou feliz porque tenho Cristo”, declara.

                                                                                                                   Por Ana Paula Gomes